Ser mulher no meio corporativo já não é mais algo extraordinário mas continua sendo desafiador. A mulher, por suas características intrínsecas abraça muitas funções ao mesmo tempo e conciliar a vida pessoal, mais especificamente a maternidade e isentar-se da culpa por não conseguir estar 100% disponível para a família é de longe o que mais gera um possível desequilíbrio emocional.
Desde a adolescência eu trabalhava ajudando meus pais em um pequeno comércio de shopping em minha cidade e estudava muito, almejando ter minha independência financeira.
Lembro-me claramente quando eu estava grávida da minha primeira filha e minha avó disse que eu não conseguiria voltar ao trabalho quando acabasse minha licença maternidade. Eu respondi prontamente que voltaria sem problemas, pois meus planos profissionais não seria afetados com a maternidade, já que eu não poderia abrir mão de minha carreira sendo que filhos crescem e acabam tendo interesses próprios e eu não poderia abrir mão dos meus. Ledo engano. Eu que me sentia tão segura de minhas convicções profissionais comecei a perceber que o sentimento materno era algo indescritível antes mesmo da minha filha nascer.
Nos últimos dias antes do parto eu já ia trabalhar sentindo que talvez não conseguisse voltar…E então, 15 dias antes de acabar minha licença maternidade, esperei o dia amanhecer e o relógio marcar 8h para ligar para o diretor da empresa na qual eu trabalhava há 9 anos, onde era valorizada e bem remunerada. Expliquei que naquele momento não conseguiria voltar e ele entendeu e até comentou que com a esposa dele havia acontecido a mesma situação enquanto os filhos eram pequenos.
No entanto, o sangue empreendedor corre em minhas veias e então quando minha filha mais velha tinha 8 meses eu sabia que eu precisava retornar ao mercado de trabalho, porém, não mais como era antes, eu almejava mais, precisava trabalhar sim, precisava realizar-me profissionalmente mas também precisava conciliar com a minha nova realidade: agora eu não era apenas uma mulher, eu havia me tornado mãe e isso pra mim, sempre será prioridade. Porém eu precisava provar a mim mesma que eu era capaz de desempenhar as duas funções com sucesso.
Com a ajuda de amigos e familiares montei um pequeno escritório de contabilidade, já que essa era minha formação e especialização. Achei que estaria realizada mas minha ânsia por inovação e por fazer a diferença me atormentava pois eu não conseguia sentir que aquele era meu caminho.
E foi assim, nessa inquietante busca por algo diferente, que eu descobri que existia um negócio que na época era conhecido apenas como “escritório virtual”. Hoje podemos chamar de escritório compartilhado ou coworking também, na verdade, em síntese são todos empresas do mesmo ramo, com algumas características específicas que evidenciam algumas diferenças.
Se empreender sendo mãe já é desafiador, montar um novo negócio em uma cidade onde praticamente ninguém sabia o que significava, gerou mais necessidade de quebrar barreiras para mim. Não somente falando do aspecto profissional mas principalmente dos obstáculos criados por mim mesma, sendo que alguns eu ainda travo uma batalha até hoje, quase 12 anos depois.
Muito se fala sobre o posicionamento da mulher no meio corporativo, sobre processos externos ou internos que ainda deixam a mulher em desvantagem quando se fala em posições de chefia, porém eu vejo que muitas vezes o fator impeditivo pode ser algo mais pessoal do que propriamente impedimentos impostos pela sociedade.
A realidade é que o posicionamento e a busca por conhecimento são os fatores que podem geram uma maior segurança para que a mulher possa definir qual o seu papel na família e na sociedade, e assim conseguir montar estratégias para buscar e realizar os seus sonhos pessoais e profissionais.
Desafios existem sim, mas precisam ser vencidos e somente com esforço e empenho as mulheres conseguirão quebrar algumas barreiras que ainda existem. Não é possível que com tanta informação que temos atualmente ainda fiquemos colocando a culpa dos fracassos em fatores externos, tudo depende de cada um de nós.
Texto: Tania Maria Colombo Esteves
@taniamariacbc