Inovação e tecnologia são parte da receita para o sucesso no campo

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A revolução tecnológica são se limita às grandes cidades. Os produtores rurais estão atentos!

Quando se pensa em tecnologia, os apetrechos inteligentes que povoam os centros urbanos são a primeira coisa que vêm à mente. O ambiente rural, no entanto, não fica para trás. Ao longo das décadas, houve a transição do plantio manual para a automação. Hoje, recursos como plantio fora do solo convencional, inseminação artificial e até o uso de aplicativos para monitorar sementes são algumas das possibilidades disponíveis para os produtores interessados em garantir qualidade e produtividade.

No Rio de Janeiro, estado em que as hortaliças são uma das principais culturas agrícolas, o uso de tecnologias como o mulching ou a adoção de estufas hidropônicas são alguns dos diferenciais adotados pelos lavradores. “Há um tempo a gente foi no sul de Minas buscar essa tecnologia, e conhecemos a plasticultura lá, que seria a aplicação de mulching nos canteiros. Você prepara o canteiro e bota uma cobertura plástica, deixando só os furos onde vão ser feitos o plantio e a adubação”, explica Rodrigo Rosa de Medeiros.

“Você tem um facilitador de que, mesmo nessa época chuvosa, eu consigo fazer um novo plantio mesmo estando chovendo muito. Se eu fosse fazer no método tradicional eu não conseguiria, porque preciso entrar com trator e fazer um novo preparo de solo. E sem contar que você diminui também a incidência no uso de defensivo, porque você diminui as pragas e as doenças. A gente usa o mulching preto e branco, e isso me proporciona um certo reflexo que inibe a incidência de bicho, por exemplo pulgão, mosca” completa.

Dedicados ao cultivo de hidropônicos, o casal Carlos Ferreira e Keila de Andrade Charles têm uma experiência parecida. E além de escapar das armadilhas climáticas, entendem que o consumidor percebe a qualidade do produto feito nas estufas. “O consumidor acabou vendo que a verdura hidropônica é mais saudável, tem menos contato com bactérias, insetos e tem durabilidade maior pós colheita. Ela dura mais na cozinha da dona de casa”, diz Carlos.

Nesse sentido, ele entende que buscar novos conhecimentos também faz parte da rotina dos empreendedores do campo. “A gente participa de muitos eventos, muitas feiras. Em São Paulo tem uma feira em Holambra que traz muitas novidades de países de fora, como Israel. A gente está sempre buscando tecnologia para melhorar cada dia mais a nossa produtividade, trazer mais garantia e qualidade para os nosso produtos”.

Vencedor da edição voltada para jovens produtores do Prêmio Sistema Famato em Campo, no Mato Grosso, Pedro Tomazelli foi responsável por modernizar o negócio da família com a criação de um aplicativo dedicado ao rastreamento das sementes de soja que comercializam. “Hoje, com uma simples leitura de QR Code, consigo saber toda a rastreabilidade dessa semente. Onde ela foi produzida, qual é a qualidade dela nos testes que a gente faz (não são poucos). Quando essa semente é carregada, o cliente já sabe dos lotes, o vendedor e eu como gerente já sei dos lotes. É todo mundo interligado dinamicamente, não existe mais papel. Já sabe na hora. Se está satisfeito, beleza. Se não, retorna. O atendimento ficou muito melhor a partir dessa tecnologia inserida”, assegura.

“A lavoura do futuro está baseada em verticalização, sustentabilidade. Uma genética de qualidade, uma genética boa, com potencial, pode gerar uma produtividade maior em menos área ou na mesma área. Vender sustentabilidade, vender potencial produtivo e trabalhar com inovação e tecnologia. Esse é o produto que eu mais gosto de vender”, diz Pedro. “Esse negócio não foi só pra ontem, não é só pra hoje e vai ser muito bom amanhã. Cada vez mais tecnologia, cada vez mais inovação. Mais profissionais qualificados, mais gente atuando, mais gente para se alimentar. A gente está no lugar certo na hora certa”.

Ao mesmo tempo, também é importante ressaltar que as mudanças não dependem só de aparelhos ou gadgets. No ramo da criação de gado desde os anos 70, Arno Schneider utiliza métodos como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), mas considera a adubação de pastagens — algo que muitas vezes passa despercebido — como seu grande diferencial. “Aqui dentro da fazenda a gente tem como ótica considerar a pastagem como se fosse uma cultura, e esse é o grande salto que eu posso ter dentro da minha produtividade de pastagem. Se eu dobrar o número de folhas produzidas em cada touceira de capim, na mesma área eu tenho duas fazendas”, explica.

Inovação é, nesse sentido, uma questão de mentalidade. E, assim como acontece no plantio, quem cultiva esses investimentos no tempo certo colhe os frutos lá na frente.

Fonte: Portal G1

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